Jorge Rafael de Menezes

Da Farmácia ao Gabinete

A Trajetória de um Líder Comunitário

Origem

Jorge Rafael de Menezes nasceu em 18 de março de 1935. Descendente de famílias tradicionais da cidade de Monteiro, na Paraíba, era filho de Alcindo Bezerra de Menezes e Maria das Dores Rafael de Menezes, Dona Mariquinha, como era conhecida.

Seu pai, Dr. Alcindo, como era conhecido pelas pessoas mais humildes da região, chegou a Monteiro no início do século XX. Oriundo de Floresta dos Leões, posteriormente denominada Carpina (PE), instalou-se em Monteiro após o casamento com Mariquinha, formando a sua família.

Alcindo era farmacêutico e, ao chegar a Monteiro, tornou-se fazendeiro. Na década de 1940, exerceu o cargo de prefeito. Como chefe do executivo municipal, Alcindo deixou feitos de grande relevância para o município, a exemplo do prédio do poder executivo municipal (Prefeitura Municipal de Monteiro), o campo de aviação e o Grande Hotel.

A mãe de Jorge, Dona Mariquinha, era filha de Dona Toinha e do Cel. Manoel Rafael (político de grande relevância em Monteiro). Ainda muito jovem, foi para Recife, capital do estado vizinho, Pernambuco, onde estudou no Colégio Damas. Dona de uma cultura considerável, falava francês e tocava piano.

Sendo o sétimo dos nove filhos do casal, Jorge, ao nascer, juntou-se aos irmãos Maria da Glória, Maria Anunciada, José Rafael (Zica), Antônio Rafael (Beza), Maria Terezinha e Maria Leônia. Após o seu nascimento, nasceram Umberto Rafael e a caçula, Maria do Carmo (Carmita).

Na foto acima, estão posicionados da esquerda para a direita, em pé: Maria Leônia, Antônio Rafael (Beza), Maria Anunciada, Maria da Glória, José Rafael (Zica) e Maria Terezinha. Sentados, encontram-se Humberto, Alcindo Bezerra, Maria do Carmo (Carmita), Maria das Dores (D. Mariquinha) e Jorge Rafael / Foto: Acervo Familiar

Infância

Jorge Rafael passou a sua infância na cidade de Monteiro, na Paraíba. Domiciliado à rua Néstor Bezerra da Silva 65, o filho de seu Alcindo dividia o seu tempo entre a cidade e a fazenda da família.

Junto aos irmãos mais novos, viveu sua infância de maneira simples, aproveitando, ao máximo, tudo o que havia à sua volta. Na década de 1930, as crianças não tinham acesso a brinquedos industrializados, então improvisavam, ali mesmo, as suas diversões.

Formação

Iniciou sua vida estudantil, ainda muito jovem, na cidade de Monteiro, porém, devido às dificuldades existentes, naquela época, em relação a estudos em sua região, seus pais providenciaram sua ida para Recife, onde deu continuidade à vida escolar.

Para chegar à capital pernambucana, o pequeno Jorge precisou se deslocar, por 28km, até a cidade de Sertânia – PE. Na companhia dos pais, foi levado à estação ferroviária, onde embarcou no trem e seguiu viagem até o seu destino.

Ao chegar ao seu novo logradouro, foi matriculado no Colégio Salesiano, onde estudou até a conclusão do ensino médio. Ao completar 18 anos, e tendo concluído o 2° grau (o ensino médio, atualmente), serviu o Exército Brasileiro (EB), onde ficou por aproximadamente um ano e meio.

Em sua passagem pelas Forças Armadas, atuou na área da saúde, onde se qualificou na função de enfermeiro e adquiriu grande conhecimento. Em seguida, viveu um período curto na capital do seu estado, João Pessoa, e logo retornou para a sua cidade natal.

Carreira

Jorge Rafael de Menezes foi industrial, comerciante, fazendeiro e político. Ao longo de sua carreira, administrou, com muito zelo, todos os seus empreendimentos, além da carreira política durante os anos em que foi prefeito.

A Indústria

Em 1960, Jorge deu os primeiros passos no mundo dos negócios. Visando as oportunidades que havia à sua volta, implantou, na cidade Monteiro, uma fábrica de doces, a Doces Cariri.

Para a implantação da fábrica, foi utilizado um galpão pertencente à sua família, situado à rua Severino Ramos de Vasconcelos, atrás da casa dos seus pais. Também foi necessária a contratação de um profissional, com experiência em doceria, que veio da cidade de Arcoverde (PE).

Os doces Cariri foram um sucesso, logo conquistando a preferência em Monteiro e região, o que propiciou um aumento significativo da produção e, consequentemente, a necessidade de mais matéria-prima para suprir-se a demanda.

A ideia inicial era aproveitar toda a produção frutífera da região, porém, o empreendimento cresceu tanto que a produção local supria apenas 10% da demanda. Mesmo buscando fornecedores em outras regiões, os frutos que conseguira não supriram as necessidades da fábrica. Além das dificuldades ligadas à fábrica, Jorge já estava muito envolvido com a política e com a administração da farmácia, inviabilizando-se a continuação da produção de doces, que terminou por volta de 1965.

A Farmácia

Sendo o mais próximo dos pais, Jorge Rafael viveu grande parte do seu tempo acompanhando as atividades da família em Monteiro. Após o seu retorno, e com a experiência trazida de sua passagem pelo exército, Jorge passou a viver a maior parte do seu tempo na Farmácia São Francisco e, junto ao pai, adquiriu grande conhecimento farmacêutico.

Casa de Alcindo Bezerra em Monteiro - PB / Foto: Reprodução

Em 1967, após o falecimento de Alcindo, a Farmácia São Francisco compôs parte da herança que Jorge recebeu e, assim, ele pôde dar continuidade ao negócio, mantendo a mesma linha de trabalho, porém, em um novo endereço e com a alteração do nome que, a partir daí, passou a ser Farmácia Menezes.

Farmácia Menezes em Monteiro - PB / Foto: Reprodução

Após assumir a farmácia, não demorou para que o sucessor de Alcindo ganhasse a confiança da população, preenchendo a lacuna deixada pelo pai. Jorge da Farmácia, como muitos o chamavam, era tido como “profissional prático”, tendo papel importantíssimo nos serviços prestados em prol da saúde dos monteirenses.

Além dos atendimentos precisos, Jorge também se destacou pela sua disponibilidade, atendendo a quem o procurasse, independentemente do dia ou horário. Era comum que fizesse atendimentos nas madrugadas, pois, para ele, a farmácia não era apenas um negócio, e, sim, mais uma forma de se fazer a diferença na vida das pessoas.

Empático, recebia a todos, e quem o procurava não saía de mãos vazias; com ou sem dinheiro, todos eram prontamente atendidos, sem distinção. Para o comerciante, o mais importante, no primeiro momento, era a restauração da saúde das pessoas.

Atendimento na Farmácia Menezes / Foto: Acervo Familiar

Jorge da Farmácia ficou à frente do negócio por um período de aproximadamente meio século, até que a farmácia, que havia sido passada de pai para filho na década de 1960, seguiu a mesma linha de sucessão, assumida, em 2020, pelo seu filho caçula, Cajó.

Farmácia Menezes em 2023 / Foto: Mont'Saint

Cajó repetiu os passos do pai e, mesmo nos últimos anos em que Jorge ainda era o proprietário, permaneceu à frente do negócio até que o recebeu como parte de sua herança, dando continuidade a ele e seguindo os mesmos princípios dos antecessores.

A Fazenda

Tendo passado toda a sua vida em contato com a natureza, criou-se uma conexão muito forte entre Jorge Rafael e as propriedades rurais pertencentes à família. Após o falecimento do pai, em 1967, recebeu, como parte de sua herança, as propriedades Olho D’Água dos Silvas e Engenho Velho.

Entre os cultivos já existentes, o sisal tinha um papel importante para as atividades da fazenda. Com isso, o fazendeiro beneficiava a planta, por meio do desfibramento, realizado por máquinas motorizadas, e da secagem das fibras; então, comercializava-o com a indústria.

Apesar de não depender, financeiramente, das atividades rurais, o fazendeiro era um homem de visão quanto à produtividade de suas terras. Logo diversificou os cultivos de pastagens, propiciando a criação de várias espécies animais, inclusive bovinos, caprinos e ovinos.

Com o intuito de potencializar os resultados da fazenda, dedicou-se à produção de leite, à engorda de bois para o abate e à venda de animais para reprodução. Com isso, obtinha êxito em todas as épocas do ano.

Na ovinocaprinocultura, também se destacou, criando diversas raças, sendo pioneiro, em Monteiro, na criação de caprinos da raça bhuj, frequentemente adquirindo e vendendo animais nas exposições da região.

As áreas propícias ao cultivo de milho e feijão também eram exploradas em sua fazenda. Além das roças plantadas, objetivando a colheita de grãos e, consequentemente, a formação de pasto para a época de estiagem, ele também cedia parte das suas terras para que pessoas carentes fizessem suas plantações. Vale ressaltar-se que, em todas as ocasiões em que fez essas cessões, nunca cobrou nenhum percentual sobre os lucros dos beneficiários.

As propriedades Olho D’Água dos Silvas e Engenho Velho eram a sua segunda casa, lugares aos quais ia todos os dias, fazendo-o com muito gosto. Além das duas propriedades, o fazendeiro também adquiriu outras, que serviram sobretudo como fornecedoras de produtos para comercialização, pois sua paixão, eram as terras onde fora criado.

Jorge Rafael de Menezes/ Foto: Acervo Familiar

Devido ao seu empenho e zelo, era tido como referência e, consequentemente, recebeu várias premiações.

A Política

Jorge Rafael de Menezes iniciou sua carreira política pela ARENA (Aliança Renovadora Nacional); posteriormente, migrou para o MDB (Movimento Democrático Brasileiro); e, por último, filiou-se ao Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB), presidindo o diretório municipal do partido.

Em 1968, foi candidato a vice-prefeito no município de Monteiro pela chapa do candidato Antenor Campos, pela ARENA. Foi uma disputa acirrada, que marcou a história de Monteiro devido à pequena diferença entre o número de votos do primeiro e do segundo colocados. Após contagens e recontagens, o resultado continuou em desfavor da dupla Antenor e Jorge, que perdeu o pleito por aproximadamente duas dezenas de votos.

Em 1972, novamente, Jorge disputou as eleições municipais em Monteiro. Dessa vez, concorreu ao cargo de prefeito, pela ARENA, e teve em sua chapa o candidato a vice-prefeito Antônio de Sousa Nunes. As eleições ocorreram em 15 de novembro do mesmo ano e, com 57,23% dos votos válidos, Jorge Rafael de Menezes foi eleito prefeito de Monteiro.

Santinho da Campanha de 1972 / Foto: Acervo Familiar
O Prefeito
Posse de Jorge Rafael de Menezes / Foto: Acervo Familiar
Posse de Jorge Rafael de Menezes / Foto: Acervo Familiar
Posse de Jorge Rafael de Menezes / Foto: Acervo Familiar
Posse de Jorge Rafael de Menezes / Foto: Acervo Familiar
Posse de Jorge Rafael de Menezes / Foto: Acervo Familiar

O prefeito Jorge Rafael de Menezes, empossado no início de 1973, teve participação importantíssima na urbanização da cidade de Monteiro e no desenvolvimento do município. Popular e comunicativo, governou ao lado do povo, tendo sua gestão voltada aos movimentos sociais, à educação; à cultura e, ao esporte.

Extremamente preocupado com as condições climáticas de sua região, o prefeito, logo no início da sua gestão, implantou e incentivou o cultivo de algarobeiras (uma árvore utilizada na produção de madeira, carvão vegetal, estacas, álcool, melaço, alimentação (animal e humana), apicultura, reflorestamento, ajardinamento e sombreamento), tornando-se, por conseguinte, uma cultura de alto valor econômico e social para o município de Monteiro.

Em poucos meses de gestão, ampliou o Açougue Público Municipal; ampliou a Biblioteca Municipal; conseguiu que o IBGE implantasse uma agência na cidade; indenizou os proprietários de várias casas para viabilizar-se a construção do Hospital Santa Filomena, que foi construído durante a sua gestão; construiu lavanderias públicas nos arredores da cidade; alargou a Av. Olímpio Gomes; e calçou a Rua Barão do Rio Branco.

Construiu galerias de esgotamento sanitário em várias ruas e avenidas, a exemplo das ruas José Torres, Vespaziano Guerra e Cel. Manoel Rafael e das avenidas Sertânia, Sizenando Rafael e Etelvino Lins.

Até o início da década de 1970, os jovens descendentes de famílias com poucos recursos, em Monteiro e região, limitavam-se a estudar apenas até a quarta série do primeiro grau (atual quinto ano do ensino fundamental), pois, até então, só havia, na rede pública do município, escolas de ensino primário, a exemplo das escolas Miguel Santa Cruz e Santa Filomena. Visando a oportunizar a continuação dos estudos das crianças e dos jovens de Monteiro e região, durante a sua gestão, foi inaugurada a Escola Estadual de Monteiro. O prefeito teve relevante participação, doando, do seu patrimônio pessoal, o terreno para a construção da referida escola que, tempos depois, foi chamada E.E.E.F.M. José Leite de Souza, a Escola Cidadã.

Além da doação do terreno da escola estadual, contribuindo para a educação, construiu os grupos escolares Professor José de Araújo Valença e Francisco de Alcântara Torres, ambos na zona urbana de Monteiro. Também construiu os grupos escolares dos sítios Barreiros, Poção, Bredos, Jabitacá e Tingui.

O prefeito, com a missão de criar mão de obra qualificada, mais uma vez através da educação, deu um passo importantíssimo rumo ao desenvolvimento, implantando, na cidade, uma escola de artesanato e uma escola técnica do SENAI. Ambas foram de muita relevância para a formação de vários profissionais que se destacaram em Monteiro e região.

Placa da Escola de Artesanato - Adm. Jorge Rafael de Menezes / Foto: Acervo Familiar

A Capela do Cruzeiro foi, mais um de seus feitos, onde, do absoluto zero, foi aberto o acesso ao topo da serra, inicialmente para pedestres e, em seguida, para carros. A obra, como as demais, foi de ótima aceitação pela população de Monteiro, tornando-se, além de um cartão postal da cidade, o destino dos fiéis que, em procissão, visitam o local, todos os anos, na Sexta-Feira da Paixão.

Outra obra de grande importância para o município foi a construção do Estádio Inácio José Feitosa, O Feitosão. Este foi construído em um local em que já havia um campo de futebol, porém sem nenhuma estrutura. Na obra, o prefeito Jorge Rafael de Menezes construiu os muros, o alambrado, os vestiários e as arquibancadas, além de melhorar o terreno por meio de terraplenagem.

Além dos feitos em prol da urbanização, da educação, da cultura e da saúde, o prefeito também atuou com forte participação na área da assistência social. Em sua gestão, construiu o Abrigo Iracema de Azevedo Menezes, ao qual se dedicou durante toda a sua vida, zelando por ele, e construiu o Centro Social São Vicente de Paula.

Ainda voltado à assistência social, durante a sua gestão, foram doados inúmeros terrenos para construção de casas populares. Além dos terrenos, também foi doado material para a sua construção, já que os beneficiários eram famílias carentes que, sem a ajuda do poder público, dificilmente conseguiria uma moradia digna naquele momento.

Ainda voltado para questões sociais, o prefeito, por meio de bolsas, oportunizou os estudos de quem não tinha condições de pagar, possibilitando a formação de vários monteirenses que, posteriormente, muito contribuíram para o desenvolvimento local, em diversas áreas.

Grande incentivador do desenvolvimento do município, durante a sua gestão, o prefeito lutou e conseguiu que a Companhia Brasileira de Armazenamento – CIBRAZEM se instalasse em Monteiro. Para isso, foi necessário que a prefeitura doasse o terreno e providenciasse as instalações provisórias até a conclusão da obra. Após alguns anos, a entidade foi fundida a outras duas empresas (também públicas): a Companhia de Financiamento da Produção (CFP) e a Companhia Brasileira de Alimentos (COBAL), denominando-se Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).

Na década de 1970, os moradores do povoado Pitombeira ainda enfrentavam grandes dificuldades para sepultarem os seus entes queridos devido à distância até a sede do município. Para amenizar esse impacto, em um momento tão delicado – em que as famílias, além de fragilizadas pela perda, ainda precisavam se preocupar com o translado até o cemitério da cidade –, o prefeito construiu, naquela localidade, um cemitério municipal, oferecendo mais dignidade à aquele povo.

A barragem de São José, com capacidade para 1.311.540 m³, também foi construída durante a sua gestão. Foi uma obra do Governo do Estado da Paraíba, atendendo às reivindicações do prefeito e a um dos maiores, senão o maior, desafio dos sertanejos, a falta d’água.

Outro feito de grande importância da sua gestão foi a instalação da repetidora do sinal de televisão. Naquela época, pouco mais de duas décadas após a implantação da televisão no Brasil, era tudo muito novo, e o sinal raramente chegava com qualidade às cidades pequenas do interior. A instalação da antena, no Alto São Vicente, proporcionou, à população de Monteiro e região, um sinal de melhor qualidade, considerado ótimo naquela ocasião.

Na sua administração, também foram construídos pontilhões para melhorar o acesso a algumas localidades, como, por exemplo, um na zona urbana, que facilitou o acesso do centro da cidade ao Hospital Santa Filomena, e outro na zona rural, sobre o Rio Paraíba.

As obras de infraestrutura foram constantes durante toda a sua gestão. O prefeito foi referência em todas as suas áreas de atuação, mas destacam-se as obras de calcamentos em várias ruas e avenidas, chegando a se ultrapassar a marca de 20.000m², considerável para a época. Sua gestão foi marcada por grandes feitos. Durante todo o período em que esteve à frente do executivo municipal, geriu com maestria os poucos recursos de que dispunha.

Além dos feitos mencionados, podemos conferir, através dos versos deixados pelo eterno Pinto de Monteiro, um resumo do que foi a gestão do prefeito Jorge Rafael de Menezes.

A transparência com que o prefeito conduziu as contas públicas do município serviu de exemplo para a sua geração e para as que o sucederam. Naquela época, não havia recursos tecnológicos a exemplo da internet, então, suas prestações de contas junto a sociedade, eram feitas em praça pública, no dia a dia.

Jorge Rafael e Pinto de Monteiro / Foto: Acervo Familiar

Os cuidados eram tantos com o dinheiro público, que para conseguir ter êxito com recursos limitados, o prefeito, dizia fazer “economia de guerra” e acompanhava, pessoalmente, a execução das obras pelo município.

O chefe do Executivo, era um excelente orador e por onde passou, deixou a sua marca. Ao final de sua administração, entregou a prefeitura com a sensação de dever cumprido. Para ele, sua contribuição havia terminado, e, dali por diante, não disputaria mais vagas em cargos públicos.

A Influência Política

Amado em sua terra natal, logo ganhou reconhecimento no estado da Paraíba, tornando-se comum que autoridades – governadores, deputados e lideranças de várias esferas políticas – o visitassem constantemente. Isso mantinha a chama política acesa dentro do ex-prefeito, que, diferentemente do que havia pensado, logo voltou a disputar eleições.

Em 1978, pelo MDB, candidatou-se ao cargo de deputado estadual na Paraíba, recebendo 4.999 votos; mesmo não sendo eleito, deu-se por satisfeito, pois o seu objetivo principal era mostrar que seria o candidato mais votado em sua cidade.

Por mais que o ex-prefeito resistisse, não faltavam convites para que se candidatasse novamente. Mesmo sem a pretensão de voltar a governar a cidade, cedeu ao pedido de Antônio Mariz, então candidato ao governo do estado, na época, candidatando-se novamente ao cargo de prefeito de Monteiro.

Em 1982, pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), disputou novamente as eleições para prefeito em Monteiro. Naquela disputa, havia cinco candidatos, três dos quais eram do PMDB. Com a divisão do partido, o ex-prefeito, ficou em desvantagem, conseguindo apenas a segunda colocação no pleito.

A Força Política

Em 1988, apoiou na disputa para a função de prefeito de Monteiro, a candidatura de Francisco de Assis Neves Nóbrega (Dr. Chico), e o seu filho, Fred Menezes, para vice-prefeito. A dupla foi eleita com 51,66% dos votos válidos, em um pleito disputado por quatro candidatos.

Em 1992, Jorge Rafael de Menezes, disputou sua última eleição. Na ocasião, pelo Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB), candidatou-se ao cargo de vice-prefeito na chapa encabeçada por Antônio de Sousa Nunes, que havia sido o seu vice no período em que era prefeito. As eleições ocorreram em 3 de outubro, e a dupla foi eleita com 55,48% dos votos válidos.

Como vice-prefeito, devido à sua interação com a população, teve participação fundamental na intermediação entre o povo e o governo, possibilitando um maior índice de aprovação da gestão.

A força política construída por Jorge, ao longo de mais de duas décadas, fortalecia-se cada vez mais, e, na eleição que sucedeu o seu mandato de vice-prefeito, apoiou o seu filho, Fred Menezes, para o cargo de vereador. Fred disputou as eleições em 1996, e, pelo PMDB, com o número 15.200, foi eleito vereador na cidade de Monteiro, ocupando uma cadeira no poder legislativo da referida cidade entre 1997 e 2000.

Em 2012, pelo PSDB, o seu filho caçula, Ricardo Jorge de Almeida Menezes (Cajó), candidatou-se ao posto de vice-prefeito na chapa encabeçada pela então prefeita do município, Edna Henrique. Com 51,7% dos votos válidos, a dupla foi eleita para o segundo mandato da Prefeita Edna.

Passados os quatro anos como vice-prefeito, em 2016, Cajó, pela coligação PSD / PRP / PSDB, disputou uma vaga na câmara municipal, recebendo 905 votos, o que lhe garantiu a eleição.

O político de mais de quatro décadas de atuação presenciou mais uma vitória do seu filho, Cajó, no legislativo municipal. Em 2020, Cajó disputou novamente a vaga que vinha ocupando no poder legislativo de Monteiro. Dessa Vez, pelo CIDADANIA, e com 979 votos, se reelegeu para o seu segundo mandato de Vereador em Monteiro.

Jorge Rafael de Meneses, ao longo de sua carreira, fez política com simplicidade, buscando ajudar os mais necessitados e atender aos interesses comuns da sociedade. Sem vaidades, não buscava holofotes, fazia o que tinha de ser feito, sem buscar engrandecimento pessoal, e, por tantos feitos e qualidades, foi eternizado na história política do município de Monteiro, na Paraíba.

Família

O Início

Desde criança, Jorge conhecia Marluce Torres de Almeida (Suça), sua prima, uma jovem de família tradicional de Monteiro. Ela era filha primogênita da tia dele, Maria do Carmo Torres de Almeida, e de Roosevelt Dutra de Almeida Lira.

Jorge e Suça, desde muito cedo, tiveram um namoro, inicialmente infantil, que se oficializou por volta de 1956.

O Casamento

O namoro durou cinco anos, até que, no dia 21, terceiro sábado do mês de outubro de 1961, casaram-se na igreja de Nossa Senhora das Dores – igreja matriz de Zabelê (cidade vizinha a Monteiro, também localizada na Paraíba). Devido ao falecimento de um parente da noiva, não houve festividades em comemoração ao enlace. Após o casamento, Suça acrescentou ao seu nome o sobrenome Menezes.

A lua de mel foi na fazenda da família. Ao retornarem à cidade, instalaram-se na rua Padre Artur Cavalcante, 142, onde formaram a sua família e viveram durante os 59 anos em que estiveram casados.

Os cônjuges viveram grandes momentos, participando das atividades sociais de sua cidade e compartilhando muita cumplicidade nas decisões do dia a dia familiar.

Os Filhos

Fred Kennedy, o primogênito, nasceu em 9 de agosto de 1962. Além de ser o primeiro filho do casal, também foi o primeiro neto dos avós maternos. Com isso, a sua chegada foi motivo de muitas alegrias na vida de toda a família.

Passados pouco mais de quinze meses, nasceu o segundo filho do casal. Eduardo Rômulo (Dula) nasceu em 13 de novembro de 1963. A casa, que vivia em festa devido à chegada de Fred, agora tinha duas crianças para aumentar ainda mais a alegria.

O caçula, Ricardo Jorge (Cajó), nasceu uma década depois, em 16 de agosto de 1972; coincidentemente, no mesmo período das eleições municipais, quando Jorge foi eleito prefeito de Monteiro.

Jorge Rafael foi um pai atencioso com os filhos, das brincadeiras de criança à formação de cada um. Incentivou os estudos e entrada na política; Fred e Cajó ocuparam os cargos de vice-prefeito e de vereador, respectivamente, em Monteiro.

Jorge buscou educar os seus filhos com exemplos do certo e do errado. Defensor dos bons costumes, Jorge Rafael priorizava que todas as refeições, em sua casa, fossem servidas no mesmo horário, todos os dias, e com a presença de todos à mesa.

Eduardo, Cajó, Suça, Jorge Rafael e Fred / Foto: Acervo Familiar
Os Netos

Assim como um pai maravilhoso, Jorge Rafael também foi um grande avô. O seu primeiro neto, Kleber Kennedy, filho de Fred, nasceu em 14 de junho de 1983; posteriormente, em 30 de novembro de 1987, nasceu a primeira neta, Tamirys, filha de Eduardo, sendo a segunda dentre os netos; o terceiro, Rafael Kennedy, filho de Fred, chegou em 3 de março de 1989; já o quarto neto, Thalys Marverick, filho de Eduardo, nasceu em 26 de dezembro de 1990; em 5°, na ordem de nascimento, veio novamente uma menina, Maria Eduarda, filha de Fred, que nasceu em 12 de maio de 1998; o 6° neto, Daniel, filho de Eduardo, nasceu em 26 de novembro de 1999; e, para completar, a caçula, filha de Cajó, Geovanna, que chegou em 27 de dezembro de 2009.

A convivência com os netos não diferiu da vivenciada com os filhos. Ela se baseou na ética, na moral e nos bons costumes. Viveram momentos felizes e memoráveis.

Respeitado e admirado pela família, Jorge foi exemplo de esposo, de pai e de avô, tornando-se motivo de orgulho para todos. Durante os 59 anos de matrimônio, o casal construiu uma família com valores. A convivência harmoniosa fez parte de toda a história da família.

Jorge Rafael e Suça / Foto: Acervo Familiar

Preferências

Culinária

Jorge tinha um paladar muito simples e comia de tudo, exceto carne suína e bacalhau.

Bebidas

Apreciador de bons vinhos e de cerveja, bebia moderadamente, porém, tinha uma particularidade. Costumava beber cerveja em temperatura ambiente e, se lhe trouxessem uma gelada, colocava ao sol para esquentar.

Futebol

Apaixonado por futebol, assistia aos jogos em sua cidade e resenhava sobre o assunto com os amigos. No cenário nacional, os seus times preferidos eram o Sport Club do Recife e o Vasco da Gama.

Natureza

Amante da natureza, Jorge Rafael gostava de passear ao ar livre e de andar pela zona rural de Monteiro, principalmente em períodos chuvosos, quando saía à procura de chuvas, independentemente do horário.

Além de rastrear as chuvas, guiado pelas precipitações e por raios, também acompanhava, rigorosamente, os índices pluviais do seu município, tendo registrado, durante décadas, todas as precipitações pluviométricas do seu município.

Um dos Registros Pluviométricos feitos por Jorge Rafael de Menezes / Foto: Acervo Familiar

Seu gosto pela natureza não se limitava às chuvas; Jorge Rafael também ara apreciador da astronomia e, sempre que possível, na companhia do concunhado e amigo, Francismar, costumava observar o céu por meio de um telescópio.

Rádio

O rádio era mais uma paixão de Jorge. Ouvinte fiel da Rádio Clube Recife, acompanhava diariamente a sua programação.

Também era amante de rádio amador e passava horas se comunicando com pessoas de diversas partes do mundo.

Licença - Rádio Amador / Foto: Acervo Familiar
Gosto Musical

Jorge Rafael adorava música em geral, e seus estilos preferidos eram tango e bolero. O seu cantor preferido era Nelson Gonçalves. Já a sua canção preferida era Carlos Gardel, uma composição de David Nasser e Herivelto Martins, interpretada por Nelson Gonçalves.

Jornais

Assinante dos jornais impressos Diário de Pernambuco e Correio da Paraíba, lia diariamente os referidos jornais, assim como assistia ao Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão.

Jorge Rafael Lendo o seu Jornal / Foto: Acervo Familiar
História

Jorge Rafael era um amante de história, e em especial a de sua cidade natal. Mesmo sem formação na área, durante a sua vida, foi muito ligado aos acontecimentos mais importantes da região, considerado, por muitos, um historiador autodidata.

Sendo grande conhecedor de história, era constantemente procurado, por estudantes e até mesmo por populares, para relatar fatos ocorridos em Monteiro. Ele, por sua vez, humildemente, recebia a todos e tinha muito gosto em falar sobre o assunto.

Seu gosto por história não se limitava a Monteiro. Tinha também grande interesse por histórias mais abrangentes, a exemplo da Segunda Guerra Mundial e de Lampião, as quais tinha coleção de livros.

Filmes

Seus filmes preferidos eram os de ação, sobretudo os de guerra.

Boinas

Jorge amava boinas, possuindo uma grande variedade de cores e modelos. Era comum encontrá-lo com o acessório no seu dia a dia.

Religiosidade

Jorge era um homem de fé, que se espelhava nos ensinamentos bíblicos e os praticava no seu dia a dia. Vindo de família católica, Jorge Rafael seguiu os passos dos seus antepassados, participando dos eventos da igreja durante todo o ano e frequentando rigorosamente à missa aos sábados na Igreja de Nossa Senhora das Dores, em Monteiro.

Missa do Centenário de Alcindo Bezerra, na igreja matriz, em Monteiro / Foto: Acervo Familiar
Homenagem - Darci Galdino / Foto: Acervo Familiar

Homenagens

Durante a sua vida, o ilustre cidadão monteirense, Jorge Rafael de Menezes, recebeu diversas homenagens. Dentre elas, no ano 2001, por meio de uma votação organizada por membros do colégio estadual, recebeu o título de personalidade monteirense do século XX.

Recebendo a Homenagem - Personalidade Monteirense do Século / Foto: Acervo Familiar

O ex-prefeito também foi homenageado pela contribuição para a instalação do Museu Histórico de Monteiro, ao doar materiais de elevado valor histórico.

Diploma em Homenagem pela Contribuição para a Instalação do Museu Histórico de Monteiro / Foto: Acervo Familiar

Também foi homenageado pelos terrenos doados para a construção da E.E.E.F.M. José Leite de Souza, a Escola Cidadã.

Recebendo a Homenagem pela Doação do terreno da Escola Estadual / Foto: Acervo da E.E.E.F.M. José Leite de Souza

Personalidade

Jorge de Seu Alcindo, Jorge Rafael, Jorge Menezes, Jorge da farmácia ou simplesmente Jorge. Qualquer um, dos vários nomes que era conhecido, remetia ao ser humano de boa índole, educado, gentil e prestativo, que era Jorge Rafael de Menezes.

Uma das características mais fortes de sua personalidade era a honestidade. Descendente de família bem-sucedida financeiramente, nunca se beneficiou de recursos públicos para enriquecimento próprio; pelo contrário, doou tudo quanto pôde, do seu patrimônio, em favor dos menos favorecidos.

A solidariedade era mais uma das características fortes de Jorge. Fiel às suas origens, humilde e sem apego a bens materiais, Jorge Rafael não dava um “Não” a quem o procurasse para pedir ajuda, e, se soubesse de alguém que estava passando por problemas, se preocupava, e logo procurava uma forma de resolver. Muito ligado aos familiares e amigos, nos momentos mais difíceis, estava sempre por perto.

Jorge Rafael na Farmácia Menezes / Foto: Acervo Familiar

Jorge era uma pessoa calma, de fácil convivência, que, mesmo sendo contrariada, não perdia o controle da situação. Vivia em meio ao povo, e, sem distinção de classe social, era comum encontrá-lo pela rua contando suas histórias.

Vida Social

Apesar de não ser um dos melhores dançarinos, adorava dançar. Desde a sua mocidade, costumava frequentar as festividades de sua cidade, Monteiro, e, após o seu casamento, na companhia de sua esposa, frequentava constantemente os bailes do aeroclube.

Era um amante da cultura nordestina. Apreciava assistir e participar das apresentações e festividades juninas de Monteiro, a exemplo das quadrilhas. Nessa mesma época do ano, sua casa ficava sempre cheia, devido às visitas dos familiares que vinham a Monteiro para aproveitar esse período em família.

Jorge também não perdia a festa de Nossa Senhora das Dores, padroeira de Monteiro, que ocorre em setembro. As comemorações de Natal e réveillons eram sempre em sua casa, com a família reunida. Mesmo passando todas as datas comemorativas mais importantes do ano em família, se socializava-se muito bem. Quando era convidado para algum evento, não deixava de comparecer.

A Despedida

Nos últimos anos de sua vida, mesmo estando bem, já não participava com o mesmo vigor das atividades da farmácia, pois, devido ao cansaço mental acumulado ao longo dos anos, vez ou outra esquecia-se dos fatos, podendo distorcê-los.

Em 2019, sofreu uma queda no seu quarto, à noite, fraturando o fêmur. Foi socorrido e transferido para João Pessoa. Ao chegar à capital, submeteu-se a uma intervenção cirúrgica. Um mês depois, ainda utilizando uma cadeira de rodas, retornou a Monteiro, onde deu continuidade ao tratamento.

Apesar de todo o esforço dos envolvidos, não conseguiu voltar a andar e, com a consequente mudança de sua rotina, passou a falar pouco e a se irritar com facilidade.

Um ano depois, abatido e fragilizado, Jorge se alimentava com dificuldades, até que, por volta do meio-dia, do dia 31 de outubro de 2020, sentado em uma poltrona, foi perdendo as forças e, de forma natural, faleceu nos braços do seu filho, Cajó.

Depoimentos

Depoimentos dos Amigos
Depoimentos dos Familiares

Conclusão

Fica evidente que a vida de Jorge Rafael de Menezes transcendeu todas as expectativas. Sua jornada como um político exemplar, aliado à sua dedicação como esposo e pai amoroso, ressoará através das gerações vindouras.

Sua integridade incansável e compromisso com a justiça não apenas moldaram seu legado, mas também serviram de guia para a comunidade que teve a honra de tê-lo como referência. Sua história permanecerá como um farol de virtude e inspiração, lembrando a todos que é possível ser um líder visionário, um pai afetuoso e um esposo devotado, deixando um impacto duradouro em todos os aspectos da vida.

Memorial MONT'SAINT

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Responsável pelo conteúdo da página:

Ricardo Jorge de Almeida Menezes

Produção Geral:

MONT’SAINT LTDA

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