Memorial

Adeildo Ferreira da Silva

Adeildo Perfil

Memorial

Adeildo Ferreira da Silva

Origem

Adeildo Ferreira da Silva nasceu no dia 24 de março de 1936 na Fazenda Chã dos Cocos, situada no município de Passira – PE. Filho de Severino Ferreira da Silva e Ana Pereira de Lucena, Adeildo foi o quarto filho do casal, chegando para se juntar aos irmãos que ali já estavam – Maria, José (Duda) e Nelson. Após o nascimento de Adeildo, seus pais tiveram mais uma filha, Juraci, para completar a família.

Infância

Sua infância, na fazenda, foi na maior parte do tempo ao lado de sua irmã, Juraci. Por serem os mais novos dentre os irmãos, viviam juntos, brincando e andando pelo mato. Era tudo muito simples. A diversão era uma aventura que girava em torno de caçadas e explorações das terras da família.

Adolescência

No ano de 1947, quando tinha por volta de onze anos, seu pai fez uma permuta da fazenda em que viviam por um sítio situado na cidade de Garanhuns – PE. Após a negociação, toda a família mudou-se para o novo logradouro, passando a se dedicar ao cultivo de café (atividade principal da propriedade), e lá permaneceram por um período de aproximadamente três anos.

Em 1950, seu pai, Severino, voltou a negociar as terras da família. Dessa vez, fez uma permuta – do sítio onde moravam – por uma propriedade rural localizada no Povoado de Taquari, município de Cumaru, também no agreste pernambucano. E, assim, a família novamente arrumou as malas e se mudou para o novo endereço.

Foi no povoado Taquari, dedicando-se às atividades rurais na propriedade da família, que Adeildo viveu os últimos anos de sua adolescência.

Carreira

Em 1955, aos 19 anos, era chegada a hora de deixar a casa dos pais em busca de novas oportunidades. Adeildo tirou os documentos e se mudou para a cidade de Moreno – PE, passando a morar na casa do seu tio, João, que era irmão do seu pai. Lá, Adeildo construiu forte laço de amizade com o seu primo, Severino Vieira, que também morava na cidade. Sua ida para Moreno não logrou êxito, e, então, mais uma vez, precisou buscar oportunidades em outra cidade. Dessa vez, mudou-se para a capital, Recife, e logo conseguiu emprego na Souza Cruz (indústria de cigarros brasileira). Além de trabalhar na Souza Cruz, ele também teve passagens pelas seguintes empresas: Sambra, Moinho Recife, Pilar e Infraero.

O Policial

O jovem ainda não havia se encontrado profissionalmente até que, em 1963, foi aprovado no concurso público da Polícia Militar do Estado de Pernambuco, onde ingressou com a patente de soldado. Sua carreira iniciou-se na cidade do Recife; lá, fez parte da Rádio Patrulha, da Patrulha Cosme e Damião, dentre outras.

Identidade de Adeildo (frente) - Fonte: Acervo da família
Identidade de Adeildo (verso) - Fonte: Acervo da família
Identidade de Adeildo (frente) Fonte: Acervo da família
Identidade de Adeildo (verso) - Fonte: Acervo da família

Após dez anos de serviços prestados na capital, foi transferido para o sertão, onde trabalhou, por aproximadamente doze anos, nas cidades de Tabira e Ingazeira, respectivamente.

SD Adeildo Ferreira - Fonte: Acervo da família
SD Adeildo Ferreira - Fonte: Acervo da família

Ao longo de sua carreira, chegou à patente de Cabo.

Família

O Início

No ano de 1964, na festa de Nossa Senhora da Conceição – Padroeira da cidade do Recife –, que acontece na primeira semana de dezembro, Adeildo conheceu Eulalia Rocha de Oliveira (Lala), uma jovem do interior que havia ido para a capital em busca de estudos e qualificação profissional. Lala morava com sua tia, Gilda, que não gostou nada de saber que a moça estava namorando Adeildo. Os argumentos de Gilda eram dois: primeiro, por ele ser 11 anos mais velho; e segundo, por ele ser da polícia. Acreditava que ele era casado e estava apenas se aproveitando da moça; logo providenciou a volta de Lala para o interior, indo pessoalmente até a cidade de Tabira, no sertão pernambucano, para levá-la à casa dos seus pais, Manoel Cordeiro Oliveira (Nequinho) e Antônia Rocha de Souza.

Antes da viagem, Lala escreveu uma carta para Adeildo, explicando-lhe a situação, também dizendo como ele poderia encontrá-la. Na carta, listou tudo que ele precisaria fazer para vê-la novamente, com detalhes. Orientou-o sobre qual ônibus pegar e a quem deveria procurar ao chegar na cidade. Entregou-a às suas amigas para que estas a entregassem a Adeildo. A essa altura, Adeildo não sabia nada dessas atividades de Lala.

O tempo foi passando, e nada de notícias, pois a carta não havia chegado a Adeildo. Como ele morava sozinho – e saía para trabalhar –, sua casa estava sempre fechada. Cansadas de procurá-lo, as amigas de Lala decidiram colocar a carta por sob porta e deixar que o destino resolvesse, dali por diante. O plano delas deu certo, e quando Adeildo encontrou a carta, havia se passado pouco mais de um mês desde a viagem de Lala. Ele logo lhe escreveu, em resposta, firmando o compromisso de ir até a sua casa e pedi-la em casamento.

Lala já não acreditava mais num reencontro, até que, em fevereiro, Adeildo a surpreendeu com uma chegada repentina à casa dos pais da moça. Depois de uma viagem de 415 km (com grande parte do trajeto em estrada de barro, pois o asfalto ainda não havia chegado ao sertão do alto do Pajeú, onde Lala morava), Adeildo chegou em Tabira por volta das 23h. Logo procurou a madrinha de Lala, Edite Rodrigues (mais conhecida por Edite de Basto), conforme Lala havia orientado em sua carta. Edite o recebeu muito bem e providenciou sua locomoção até o povoado Campos Novos, situado a 9 km da cidade.

O horário estava um pouco avançado – já passava da meia-noite – quando finalmente Adeildo chegou ao seu destino e, sem titubear, bateu à porta da casa de Nequinho.

Uma visita a essas horas não era um acontecimento comum, então Nequinho esperou um pouco antes de abrir a porta, e Adeildo, por sua vez, bateu novamente. Após a segunda investida de Adeildo, Nequinho perguntou quem era. Para a sua surpresa, Adeildo se apresentou como o namorado de Lala. Logo, Nequinho abriu a porta e o convidou para entrar. Em seguida, pediu a Antônia, sua esposa, que chamasse Lala e lhe dissesse que o namorado dela havia chegado. Lala acordou com a sua mãe, Antônia, dizendo que o seu namorado estava na sala. Então, Lala se levantou, meio atordoada, sem entender direito o que estava acontecendo, e se dirigiu à sala. Ao chegar, teve uma grande surpresa e, ao mesmo tempo, uma grande alegria ao ver Adeildo, ali, àquela hora, na sua casa, conversando com o seu pai. Depois de uma boa conversa, Adeildo foi bem-recebido pela família da moça.

Sua estada no sertão durou três dias, servindo para estreitar os laços com aquela família. No último dia, à noite, Adeildo pediu a mão de Lala em casamento e ouviu do seu futuro sogro a seguinte resposta: “Não lhe conheço, mas vou procurar saber sobre você. Se encontrar boas informações, consentirei com o noivado, e ela usará a aliança”. Adeildo aceitou os argumentos de Nequinho. Entregou a aliança à sua amada e disse a Neguinho: “Procure Getúlio Soldado; ele é daqui de Tabira e trabalha comigo lá em Recife. Ele lhe dará as informações de que o senhor precisa.” No dia seguinte, retornou para a capital, e Nequinho, como havia prometido, na primeira oportunidade buscou as informações a seu respeito.

Ao questionar Getúlio sobre a conduta de Adeildo, principalmente com a preocupação desse último já ser casado, ouviu a seguinte frase: “Não se preocupe. Ele é boa gente e é solteiro. Mora sozinho, e vez ou outra, os pais dele, que moram no interior, vão a Recife e ficam alguns dias com ele.” Isso foi o suficiente para aprovação do noivado.

O Casamento

Eles eram noivos, mas sem data marcada para o casamento. Adeildo, novamente, chega de surpresa ao sertão, em 24 de dezembro de 1965, para se casar. Pega de surpresa, a noiva teve de providenciar o vestido às pressas. Mais uma vez, a sua madrinha, Edite de Basto, teve papel fundamental na história do casal. Além de cortar e costurar o vestido, foi testemunha do casamento, que aconteceu às 9h da manhã do dia seguinte, na igreja de Nossa Senhora dos Remédios (Igreja Matriz de Tabira – PE). O casamento foi oficializado no Cartório do Registro Civil da mesma cidade.

No mesmo dia, em 25 de dezembro de 1965, viajaram para a Grande Recife, onde moraram os primeiros anos após o casamento.

Igreja de Nossa Senhora dos Remédios - Foto: Rádio Pajeú
A Chegada dos Filhos

No bairro de Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes, cidade que compõe a Grande Recife, nasceram os cinco primeiros filhos do casal.

O primeiro filho, Aderbal, nasceu em 28 de setembro de 1966; o segundo, Adelson, nasceu quase um ano depois, em 15 de setembro de 1967; o terceiro, Adenaldo (China), chegou exatamente na mesma data, no ano seguinte, em 15 de setembro de 1968; um ano e oito meses depois, em 10 de maio de 1070, chegou o quarto, Agostinho (Japão); em 28 de setembro de 1971, veio o quinto filho, desta vez uma menina, Haway.

Quando Lala carregava em seu útero a sexta criança, o casal decidiu mudar para Tabira, e foi lá que nasceu a caçula, Avani, em 10 de dezembro de 1973.

Na foto estão, da esquerda para a direita, em pé: Lala e Adeildo; e, sentados: China, Haway, Avani e Japão. Fonte: Acervo da família
A Mudança para o Sertão

Em 1973, com o sonho de morar no interior, Adeildo pediu transferência para a cidade de Tabira e logo foi atendido.

Após a mudança, passaram a morar no Povoado Campos Novos, a terra natal de Lala, onde ficaram durante cerca de um ano, enquanto construíam uma casa na cidade.

Em 1974, após a conclusão da obra, mudaram para a cidade, onde permaneceram por um período de aproximadamente cinco anos.

No final dos anos 70, Adeildo foi transferido mais uma vez, agora, para cidade vizinha, Ingazeira, onde a família passou a residir.

Ao chegar em Ingazeira, moraram por período na cidade, mas não demorou, e Adeildo, e o seu irmão, Nelson, compraram uma fazenda onde Adeildo logo passou a residir.

O Sétimo Filho

Além dos seis filhos, frutos da união com Lala, Adeildo, alguns anos depois, já morando em Ingazeira, teve mais um filho, Adilson, em uma relação extraconjugal.

Filhos

Aderbal - Foto: Arquivo pessoal
Adelson - Foto: Arquivo pessoal
China - Foto: Arquivo pessoal
Japão - Foto: Arquivo pessoal
Haway - Foto Arquivo pessoal
Adilson - Foto: Arquivo pessoal
Avani - Foto: Arquivo pessoal

A Fazenda

A Fazenda Dois Irmãos, era de propriedade de Adeildo e Nelson, seu irmão, e ficava localizada no Sítio Barrocas, no município de Ingazeira – PE. Era lá que Adeildo se realizava. O seu dia a dia, no campo, era como se fosse uma festa, já que essa era a sua grande paixão.

A fazenda produzia de tudo, desde a criação de diversas espécies e raças de animais até o cultivo de cereais, frutas e hortaliças.

Dentre os animais, havia a criação de: vacas-leiteiras, para produção de queijos, manteiga e coalho, ali mesmo na fazenda; caprinos SRD (sem raça definida) e da raça bhuj, registrados e comercializados nas exposições da região, principalmente na EXPOCOSE, da cidade de Sertânia – PE; galinhas; perus; guinés; entre outros.

Já nos campos de plantações, a variedade também era extensa, sendo cultivada por meio de irrigação. Além das pastagens para os animais, produziam-se milho, feijão, bananas, tomates, cenouras, beterrabas, cebolas, pimentões e muito mais.

Apesar da grande produção, a prioridade era a fartura, assim, vendiam apenas o excedente para custear a mão de obra dos funcionários e as demais despesas de manutenção e melhorias nas estruturas da fazenda.

Gosto Culinário

Adeildo gostava de comidas simples, e as suas preferidas eram: galinha de capoeira cozida; carne de bode; e arroz mexido.

Galinha de Capoeira - Foto: DeliRec
Bode Guisado - Foto: Blog Sonoma
Arroz Mexido - Foto: Mulher das Receitas

Religiosidade

Adeildo era católico, devoto de Nossa Senhora das Dores e do Padre Cícero Romão. Tinha o hábito de pedir a bênção aos pais, antes de dormir e ao acordar. Ele também jejuava e rezava na hora do almoço em toda Sexta-Feira da Paixão.

Nossa Senhora da Dores - Foto: Canção Nova
Padre Cícero Romão - Foto: A Verdade

Personalidade

Por onde Adeildo passou, deixou amizades. Na sua trajetória de vida, não há evidências de intrigas ou confusões. Era uma pessoa de coração bom, calmo, que fazia muitas amizades.

Vida Social

Seu cotidiano era dividido entre a função de policial e a lida na fazenda (que era a sua grande paixão). Nas horas de descanso, aproveitava o convívio em família; sempre que possível participava das festividades locais junto a família e diariamente acompanhava o Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão. Também gostava de assistir a novelas, e a sua preferida foi Roque Santeiro (novela exibida em meados dos anos 80 pela Rede Globo).

Despedida

Adeildo sempre foi um homem forte e trabalhador. Não se queixava de enfermidades. E, beirando os seus 50 anos, tinha a disposição de um jovem. Levava uma vida normal, típica de zona rural, o que lhe fazia muito bem.

Mas, no ano de 1985, quando estava fazendo o Curso de Formação de Cabos, na capital pernambucana, sentiu dores abdominais que o impossibilitaram de participar até da sua formatura, tendo em vista a necessidade de voltar para casa antes do tempo previsto, onde teria maior conforto para se cuidar.

Após o regresso ao leito familiar, recebeu os primeiros cuidados, e a vida logo se normalizou. Por um curto período, tudo parecia normal, até que um dia, Adeildo se esforçou mais que o de costume e, ao ajudar descarregar uns postes que havia comprado para a sua fazenda, voltou a sentir dores.

Depois disso, não conseguia mais se alimentar direito e, ao procurar atendimento hospitalar e fazer alguns exames, foi constatada a presença de um câncer, que havia se originado no esôfago e, a essa altura, já havia tomado também os seus pulmões.

As esperanças de cura eram remotas, por isso, tanto os médicos quanto os familiares preferiram não avisá-lo da sua real situação, na intensão de tornar a sua jornada em busca da cura menos dolorosa.

No início de janeiro de 1986, deu entrada no Hospital da Polícia Militar de Pernambuco, que fica situado no bairro do Derby, na capital do estado, onde todos os cuidados e procedimentos foram seguidos à risca.

Após 79 dias no hospital, já debilitado, em 22 de março de 1986, parecia que Adeildo já sentia a fragilidade do seu corpo e que a sua hora de partir se aproximava. Então, perguntou ao seu irmão, Nelson, se o que tinha era câncer. Nelson, pego de surpresa pela pergunta, optou em lhe contar a verdade.

Ciente da sua real situação, pediu a presença dos familiares mais próximos e, um dia depois, às vésperas do seu aniversário de 50 anos, em 23 de março de 1986, Adeildo nos deixou, ali partiu o seu corpo, mas a sua essência continuou viva, presente na vida dos que o amavam.

CB Adeildo Ferreira - Fonte: Acervo da família

Depoimentos

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Responsável pelo conteúdo da página:

Agostinho Ferreira de Oliveira Silva

Produção Geral:

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